Quando eu tinha uns seis anos ou sete, minha
irmã do meio tornou-se sócia do Círculo do Livro. O catálogo chegava a minha casa
de três em três meses e eu o folheava, fascinada com as páginas e a capa
coloridas mostradas e também lia a sinopse para conferir se iria ou não gostar
da história. Nas primeiras escolhas eu me norteava mais pelas ilustrações,
depois tomei gosto pela leitura e queria mesmo era ter e ler todos.
Um dos primeiros que li foi “Alice no país das
maravilhas”, eu me sentia um pouco como ela quando lia sobre terras distantes,
estranhas, mas absolutamente maravilhosas. Li “Marcelo, Marmelo, Martelo” da
Ruth Rocha, “A árvore dos desejos” de William Faulkner. O primeiro livro de
muitas páginas que escolhi, ainda o tenho e a dedicatória de minha irmã está
datada de 09/05/81, eu tinha 10 anos, era “Sandra na terra do antes” de Fausto
Wolff, conta a história de um bebê que não falava com os humanos, mas falava
com os animaizinhos, as plantas, até que ela cresceu, começou a entender os
humanos e não se lembrava mais dos bichinhos e plantas com quem conversava.
Ainda pequena, certo dia, a minha irmã mais
velha trouxe “Os três mosqueteiros” para mim, algum amigo dela já não queria
mais o livro e ela lembrou-se da irmãzinha ávida por leitura.
A partir do primeiro, muitos se seguiram,
cheguei a disputar quem lia mais com uma amiga, quando resolvemos ler toda a
coleção “Vaga-lume” da Editora Ática. Muitos da minha geração também leram “O
mistério do cinco estrelas”, “Um cadáver ouve rádio” de Marcos Rey e muitos,
muitos outros. Desses livros vem o meu prazer em ler romance policial, com
certeza.
Fiquei maravilhada com o depoimento da Danuza
Leão (Jornalista e escritora para o site da Livraria Cultura em 2004) e do Newton Mesquita (Pintor, também em depoimento para o site da Livraria Cultura em 2004), pois eles têm muita coisa em comum comigo, a Danuza
lê qualquer coisa que caia em suas mãos “...desde bula de remédio a dicionário...”,
eu sou assim. O Newton foi criado muito sozinho e se divertia mesmo era com
suas leituras; fui criada numa família de seis filhos, em que minha irmã mais
velha tinha 22 anos quando nasci e o mais novo tinha 11. Consequência disso,
vivia no meio de adultos que me incentivaram muito a leitura.
Eu brincava de bonecas, vivia inventando
histórias com elas, mesmo quando jogava bola sozinha no quintal, inventava
famílias inteiras que conviviam comigo, no meu imaginário.
Essa criatividade, inventividade toda veio do
universo dos livros no qual desde cedo me embrenhei e me levou a escrever
minhas próprias histórias.
.