terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ensino de Português: origens das práticas e necessidades dos alunos hoje

    Esse tema é de suma importância, ao meu ver, nas práticas e nos resultados para a formação de leitores e produtores de textos eficientes. Para isso, nosso aluno não deve ser considerado como mero receptor de conhecimento como preconizam os teóricos, ele é partícipe e principal protagonista de seu processo de aprendizagem, por isso ele deve se sentir responsável por ela e capaz de entender e interagir com essa prática.
    Essas considerações são importantes porque historicamente o aluno era considerado apenas como recipiente vazio pronto para ser preenchido por seus mestres. Hoje temos a convicção de que não recebemos em nossas salas de aulas tábulas rasas, mas sim pessoas que trazem consigo experiências vivenciadas que devem ser utilizadas como ponto de partida para desenvolver um conhecimento que tenha sentido, objetivo.
    Como lido nos textos que embasam estas reflexões, ao longo da história do estudo da língua verificamos que nos anos iniciais da educação brasileira a língua portuguesa era subordinada ao latim, da qual se origina, também vemos que, ao ser estudada, dava-se privilégio à gramática retirada de textos da literatura clássica. Havia cursos preparatórios para o ensino superior, isto significava que o aluno não precisava terminar o que hoje chamamos de Ensino Médio, para ingressar nas universidades. O estudo da gramática era completamente descontextualizado quando visto a partir de frases soltas, pois acreditava-se que a partir das frases perfeitas e corretas gramaticalmente é que se formavam bons textos. A literatura como matéria independente surgiu em 1891, mas como não era cobrada nas provas para ingresso no ensino superior, era considerada disciplina ornamental, a literatura fornecia modelos do português culto e perfeito para ensinar o bem escrever.
    No século XIX a maneira de se ensinar o português passou por grandes transformações até chegar aos dias de hoje. A escrita de textos atravessou décadas sendo denominada como composição, redação até chegar às nossas produções de texto atuais. O mais importante sobre isso não é o nome que receberam através da história, mas o tratamento em sala de aula. Da solicitação de textos por temas completamente aleatórios e descontextualizados até as oficinas de textos em sala hoje, muito evoluímos.   
    Encaramos o texto como instrumento de transposição de etapas, afinal, quanto mais dominamos os meios de nos comunicarmos, mais sociabilizados, interativos e transformadores nos tornamos. A literatura não é só um meio para ensinar o bom vernáculo, ela é manifestação cultural, ferramenta de alcance de realidades diversas, importante fonte de inquietações e anseios do ser humano, ampliando nossos horizontes para universos além dos que nos cercam.
    Criar um texto hoje, significa entendermos sua intenção comunicativa, os objetivos para os quais ele será escrito, o público para o qual ele se direciona, o conhecimento e o domínio sobre o assunto a ser tratado e sob quais prismas ele será enfocado, tudo isso deve ser explorado em sala de aula. Trabalhamos hoje com o que chamamos de gêneros textuais, cada um desses tipos de texto têm uma função social para cumprir. Por isso o trabalho com oficinas, partindo da leitura de textos que explorem o tema a ser abordado para que o aluno tenha um cabedal de conhecimentos sobre ele e chegue às suas próprias conclusões. Criar debates em sala para permitir que o aluno interaja e exponha sua opinião fazendo com que ele desenvolva autonomia de ideias, entender a que público o texto se destina, reconhecer a estrutura que exige um determinado tipo de texto, como compô- lo,  para enfim, chegar ao momento de produção, no qual o aluno estará preparado a fazê-lo. A produção de um texto exige conhecimentos prévios, essa prática deve estar contextualizada para ter significado a quem escreve.
    O aluno deve se expressar com clareza, coerência e saber distinguir as ferramentas certas para cada situação social que exigir textos diferenciados, linguagens diferenciadas. Devemos proporcionar ao aluno uma aprendizagem que tenha significado e importância. Ele precisa demonstrar  desenvoltura ao produzir um texto, seja oral ou escrito, que deve ser pertinente às necessidades sociais em que se encontra.
    Só dominamos a língua quando conhecemos particularmente cada uma das engrenagens dessa máquina maravilhosa, que é ferramenta diária para realizar, transformar, dinamizar o mundo a nossa volta. É assim que o aluno deve enxergá-la, ele deve entender as partes (gramática, leitura, produção de textos, literatura) ao utilizá-las, de forma única, para conquistar tudo aquilo que necessita, ele deve saber usar a língua para ampliar, reconhecer, pleitear, crescer e alcançar seus objetivos. Afinal, só conseguimos nos sobressair quando conquistamos "adeptos da nossa fala".
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARCUSCHI, B. Escrevendo na escola para a vida. In: E. O. RANGEL; R. H. R. ROJO (Orgs.) Língua Portuguesa no Ensino Fundamental de 9 anos e materiais didáticos. Coleção Explorando o Ensino. Brasília, DF: MEC/SEB, 2010, a sair.

RAZZINI, Marcia P. G. “História da Disciplina Português na Escola Secundária Brasileira”. Revista Tempos e Espaços em Educação. Universidade Federal de Sergipe, Núcleo de Pós-Graduação em Educação. v. 4, jan./jun. 2010, p. 43-58. ISSN: 1983-6597. 

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