sábado, 28 de abril de 2012

ÁGUAS PASSADAS

Estava decididamente preocupada com o rumo que as coisas tomaram, pra quem já tinha sofrido uma vez qualquer suspeita seria caso de polícia, não que eu achasse que ele estaria me traindo, não é isso... Porém, havia uma pontada de desespero no meu peito, só de pensar que eu poderia passar por isso outra vez. 
Minha história é complicada, fui traída, mas avisada através de um sonho, estranho, não é? No entanto foi exatamente assim, sonhei com meu namorado num restaurante conversando com uma bela mulher e, depois de um tempo, foi, com algumas alterações narrativas, a cena que flagrei, mesmo lugar, mesma mesa, impressionantemente, mesmo garçom. Dizem que "águas passadas não movem moinhos", mas as pás insistem em continuar rodando com a indomável força das velhas águas que, um dia, soterraram um sentimento.
Achei sinceramente que não fosse mais amar, até que apareceu o João Vítor, rapaz amável, doce, que me conquistou com bastante insistência e paciência porque eu estava "fechada pra balanço". Na verdade, o meu coração ainda balança a cada vez que o João diz que vai ajudar a mãe nas compras, por isso não vem me ver à noite, ou tem muito trabalho e vai ficar no computador até tarde.
Como vocês podem ver anda meio complicado eu acreditar nessas desculpas, calma aí, eu sei que podem não ser desculpas, sei que o João pode mesmo estar sendo um bom filho e um profissional competente, mas dá pra entender minhas neuroses...
Desta vez, espero que as minhas suposições sejam todas falsas e que, meu Vitinho esteja realmente preparado pra levar o relacionamento a sério, pois é isso que ele demonstra carinhosamente sempre que estamos juntos. Ele é do tipo que não sai com os amigos a não ser acompanhado por mim, falo pra ele que não tem nada a ver, mas fico esperando a resposta e, graças a Deus, ele sempre diz que não precisa sair sozinho eu sou ótima companhia; acredito...
Para tirar todas as sombras que rondam a minha mente, decidi um dia desses visitá-lo num daqueles momentos de "trabalhar em casa no computador". Cheguei à casa dele com uma cara de "paisagem", sabe, aquela cara de quem tá fazendo algo sem sentido; vesti um pretinho básico, figurino "pronta pra balada", e tava eu lá pedindo desculpas à mãe dele por aparecer assim, mas eu precisava falar com ele. Ela me recebeu até solícita demais e, como já estava bem esfolada na vida, achei que não era bom sinal. Porém, ela mandou que eu entrasse sem avisar nada pra ele e fosse até seu quarto onde ele trabalhava, meu coração disparado, agora que eu tava ali, não fazia a mínima ideia de qual desculpa esfarrapada eu iria inventar.
Abri a porta do quarto com o coração batendo na boca, avistei-o e, para alívio, meu amor tava trabalhando de verdade. Ele é analista de sistemas numa grande empresa, tava na virada de mês e, nessa época as coisas se complicam, ele fica plugado umas 18 horas. 
Ao ouvir a porta se abrir ele virou-se e encontrou meu olhar acelerado, ansioso, ele deixou na hora o computador e veio me dar um beijo ardente de quem faz um ano que não vê a amada, esqueci-me das suspeitas, das más suposições, das desconfianças e naquele momento tive certeza de que ele me amava, tínhamos que viver aquilo sem dúvidas, não deixaria uma decepção arruinar isso.
Ele não fez perguntas e me olhou ternamente dizendo que sua noite seria maravilhosa, despediu-se do trabalho e me aconchegou em seus braços...
Ah!! Só pra que vocês saibam e se deliciem com a minha segunda vitória, sabe aquele casal da rua Asafe? O homem que estraçalhou meu coração já não está mais lá? A moça agora mora com outro.

Um comentário:

  1. SENSACIONAL... ameeeeeei... Rita quando crescer quero escrever igual à você!!! Quando leio seus textos simplesmente esqueço que estou lendo. Eu entro na história literalmente, parece que eu estou lá..... amo como você consegue prender a atenção dos leitores S2 Amo você...espero que o mundo descubra seu talento maravilhoso!! bjinhus

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